Biografia de Bento Teixeira

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Bento Teixeira (1561-1618) foi um poeta luso-brasileiro, autor do poema épico “Prosopopeia”, considerado o marco inicial do Barroco brasileiro.

 

Bento Teixeira Pinto nasceu em Porto, Portugal, no ano de 1561. Filho de Manuel Álvares de Barros e de Leonor Rodrigues, cristãos novos, mudou-se com a família para o Brasil colônia, em 1567, instalando-se na Capitania do Espírito Santo.

 

Bento Teixeira recebeu de sua mãe a doutrina judaica, no entanto, estudou em colégio jesuíta. Tentou seguir a carreira eclesiástica, mas desistiu.  Depois da morte dos pais, mudou-se para Ilhéus na Bahia. Em 1584, casou-se com a cristã Filipa Raposo.

 

Em seguida, Bento Teixeira transferiu-se para a Capitania de Pernambuco, onde em 1590 instalou uma escola em Olinda e se dedicou ao magistério e também ao comércio.

 

Acusado pela mulher, de ser judeu e de rejeitar as práticas cristãs, Bento Teixeira passou a ser perseguido pela inquisição. Em 1589, Bento Teixeira foi julgado e absolvido pelo ouvidor da Vara Eclesiástica.

 

Prisão

Em novembro de 1594, Bento Teixeira mata a esposa e se refugia no Mosteiro de São Bento, em Olinda. Durante uma tentativa de fuga, Bento foi preso e enviado para Lisboa em 1595.

 

Na capital portuguesa, Bento Teixeira inicialmente negou, mas resolveu depois confessar sua crença e práticas judaicas. Em 31 de janeiro de 1599, em auto-de-fé, foi obrigado a renunciar solenemente a religião judaica.

 

Prosopopeia

Enquanto esteve na prisão em Lisboa, Bento Teixeira redigiu o longo poema épico, Prosopopeia, publicado em 1601, que abriu as portas do barroco brasileiro.

 

Seguindo a estrutura camoniana, o autor apresenta o poema em oitavas-heroicas, com 94 estrofes, que exalta as glórias dos Albuquerque, sobretudo do seu protetor Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro Donatário da Capitania de Pernambuco, onde prosperava a cultura da cana-de-açúcar.

 

Bento Teixeira conta a viagem a Lisboa, em 1565, do futuro donatário de Pernambuco, dos problemas enfrentados pelo navio em que viajava atacado pelos corsários franceses e das fortes tempestades que enfrentou levando a navegação à deriva, da falta de alimentos e de água a bordo e por fim do socorro recebido e da chegada a Cascais.

 

No poema, Bento Teixeira procurou ressaltar o destemor e a solidariedade de Jerônimo para com os companheiros de viagem. Jerônimo voltou a Pernambuco em 1573, a fim de governar a capitania de Pernambuco.

 

Bento Teixeira Pinto faleceu na cadeia em Lisboa, em julho de 1618.

 

Prosopopeia

 

Cantem Poetas o Poder Romano

submetendo Nações ao jugo duro;

o Mantuano pinte o Rei Troiano,

descendo à confusão do Reino escuro;

que eu canto um Albuquerque soberano,

da Fé, da cara Pátria firme muro,

cujo valor e ser, que o Céu lhe inspira,

pode estancar a Lácia e Grega lira.

 

As Délficas irmãs chamar não quero,

que tal invocação é vão estudo;

aquele chamo só, de quem espero

a vida que se espera em fim de tudo.

Ele fará meu Verso tão sincero,

quanto fora sem ele tosco e rudo,

que por razão negar não deve o menos

que deu o mais a míseros terrenos.

 

E vós, sublime Jorge, em quem se esmalta

a Estipe d’Albuquerques excelente,

e cujo eco da fama corre e salta

do Carro Glacial à Zona ardente,

suspendei por agora a mente alta

dos casos vários da Olindesa gente,

e vereis vosso irmão e vós supremo

no valor abater Querino e Remo. (...)

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