Biografia de Erasmo de Roterdã

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Erasmo de Roterdã (1466-1536) foi um teólogo e escritor holandês, o maior vulto do Humanismo cristão, dedicou toda sua vida à causa da reforma interna da Igreja Católica. Seu sonho era uma Europa espiritual unida, com uma língua comum aproximando todas as pessoas. Foi aclamado "Príncipe do Humanismo".

 

Infância e Juventude

Erasmo de Roterdã (Rotterdam), batizado Desidério Erasmo, nasceu em Rotterdam, na Holanda, no dia 27 de outubro de 1466. Filho de um religioso e de uma mulher da burguesia, anos mais tarde construiu toda sua história para explicar sua origem ilegítima: Seu pai estava em Roma quando foi falsamente informado da morte da amada, decidiu então tornar-se padre. Mais tarde, retornando à Holanda, descobriu que a jovem vivia e dera à luz a um menino. Agora não podia mais casar, mas cuidou para que nada faltasse ao filho.

 

Com nove anos, Erasmo ingressa na escola religiosa de São Lebuíno, em Deventer. Após a morte de sua mãe, é deixado aos cuidados de um tutor. Estudou no convento de Bois-le-Duc. Em 1487 ingressa no Convento de Santo Agostinho, de Steyn, onde se dedicou à leitura de obras clássicas gregas e romanas, adquirindo vasta erudição de humanista e filólogo. Em 1492 foi consagrado sacerdote, mesmo criticando a vida monástica e as características que julgava negativas para a Igreja Católica.

 

Em 1495, Erasmo consegue uma bolsa para Paris e ingressa no famoso Colégio de Montaigu, anexo à Sorbonne, onde estudou para obter o grau de doutor em teologia, mas insatisfeito com as hostilidades às novas ideias vindas da Itália, abandona o curso. Passa a lecionar buscando sua independência.

 

A Vida Errante de Erasmo de Roterdã

Em 1499, vai à Inglaterra, secretariando um de seus alunos, o Lord Mountjoy. Estuda grego em Oxford e torna-se amigo dos humanistas John Colet e Thomas More e com eles idealiza o projeto de restaurar a teologia, com novas edições dos textos sagrados, a partir do grego e do latim. Em 1500 publica “Adágios”, uma coleção de citações latinas e provérbios. A obra representou, para a época, o máximo em literatura de divulgação, tornando célebre o nome do autor. A vida errante leva o humanista de volta à Paris, onde se dedica ao estudo do Novo Testamento. Em 1505 retorna à Inglaterra. No ano seguinte consegue a “dispensa papal de obediência aos costumes e estatutos do Convento de Steyn”.

 

Em 1506 instala-se na Itália, onde permaneceu até 1509. Em Roma, frequentou o círculo intelectual do papa Júlio II, mas confessou que ficou horrorizado com a entrada triunfal do papa em Bolonha. Convencido que o belicoso Júlio II era sucessor de César e não de Cristo e com a expansão do poder papal, sentiu a necessidade de uma reforma na igreja. Em 1509 Erasmo deixa a Itália e hospeda-se em Londres, na casa de Thomas More, um dos seus melhores amigos. No Colégio das Rainhas, em Cambridge, leciona grego e Teologia. Nesse ano, sobe ao trono Henrique VIII, leitor assíduo dos “Adágios” de Erasmo.

 

Em 1516 publica suas apreciações "Críticas do Novo Testamento" e  “Cartas de São Jerônimo", dedicando-as ao Papa Leão X, obras que consolidam sua fama. Em 1517 tem início a Reforma Protestante. Atendendo aos desejos de Erasmo, uma sentença de Leão X permite-lhe deixar definitivamente o hábito da Ordem dos Agostinianos.

 

Entre 1517 e 1521, Erasmo vive na Universidade de Louvain, na Bélgica, onde mantém contato com os grandes centros editoriais da Europa. Em 1535 vai para a Basileia, na Suíça, para supervisionar a edição de "Eclesiastes", seu último trabalho.

 

Erasmo de Roterdã morreu na Basileia, na Suíça, no dia 12 de julho de 1536.

 

Erasmo e o Humanismo

Erasmo de Roterdã foi considerado o maior vulto do humanismo cristão, foi aclamado “Príncipe dos Humanistas”. Os humanistas não mais aceitavam os valores e as maneiras de ser e viver da Idade Média. Valorizavam a produção cultural da Antiguidade greco-romana, como fonte de aspiração.

 

Dedicou-se à leitura dos clássicos, tornando-se um dos homens mais cultos de seu tempo. Para ele, pagãos como Cícero e Sócrates mereciam bem mais o nome de santos do que muitos cristãos canonizados pelo papa. Seu lema ficou famoso: “São Sócrates, orai por nós”.

 

A Reforma da Igreja

Os desentendimentos de Erasmo com o dogmatismo teológico começaram cedo, ainda em Paris, no colégio Montaigu. Como outros humanistas, opôs-se ao obscurantismo e à intolerância das ordens religiosas, tornando-se uma das figuras centrais do humanismo na Renascença. A postura liberalizante de Erasmo o afastou de vez de todo dogmatismo e o levou a uma posição reformista moderada, na qual abria espaço à tolerância como a única base viável para transformar a igreja.

 

Instalado na casa do amigo Thomas Morus, em Londres, escreveu “Elogio da Loucura” (1509) – uma carta dirigida ao amigo, uma obra satírica e de crítica aos costumes dos homens, sem atacar ninguém pessoalmente. Quem fala em seu nome é a própria loucura. Erasmo se coloca em uma posição inatacável, que lhe permite todas as audácias.

 

Sob o disfarce satírico, indignado com o luxo pagão das cidades dos papas, em que as críticas abertas podiam conduzir à fogueira, Erasmo utilizou a loucura para denunciar todos os abusos. Dizia ele: “Quantos tesouros materiais os santos padres abandonariam, se o juízo se apoderasse um dia de seu espírito!”.

 

Erasmo e Lutero

A relação de Erasmo com a Reforma luterana foi complexa. Era favorável a mudanças na igreja, mas discordava dos que enfatizavam a dependência do arbítrio humano a vontade divina e entre eles incluía Lutero. Sua obra “Do Livre Arbítrio” (1524) foi respondida com violência por Lutero e isso resultou a ruptura entre ambos.

 

Erasmo não dá grande importância as 95 teses pregadas na porta de uma igreja, mas concorda com a crítica à venda de indulgências. Várias convicções de Lutero, contrárias à prática mecânica dos ritos e ao culto fetichistas de santos e relíquias, que substituem a religião baseada na piedade, já foram formuladas por Erasmo em muitas de suas obras.

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