João da Cruz e Souza

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João da Cruz e Souza nasceu na cidade de Desterro, hoje Florianópolis, Estado de Santa Catarina, a 24 de novembro de 1862 e f. em Sítio, uma vila do interior do Estado de Minas Gerais, a 19 março de 1898.

Foi o chefe do movimento simbolista no Brasil. Teve uma vida atribulada e dramática. Experimentou-os mais duros reveses e, não bastando o complexo da cor que se refletia multas vezes em seus próprios versos, Cruz e Sousa um amargurado, um infeliz. De seu consórcio nasceram-lhe quatro filhos, tendo-os visto morrer, um a um, ceifados pela tuberculose, moléstia que o levou também ao túmulo. Sua companheira de infortúnio faleceu em um hospício, e assim o poeta passou pela vida marcado por um destino adverso, ferido em todos os seus sentimentos.

Apreciando a vida do poeta negro, Ronald de Carvalho escreveu: "0 mundo girava em torno de sua dor, e, de tal maneira lhe pesava sobre a alma Insatisfeita e sofredora, que ele não soube traduzi-la senão como imprecações desesperadas e alucinantes. Não há quase um verso seu em que não haja um grito contra a opressão do ambiente que o cercava".

"Broquéis" foi sua obra-prima, versos, publicados em 1893. Escreve após "Missal" também no mesmo ano. Depois de seu falecimento, alguns amigos deram à publicidade os seus três últimos trabalhos: "Evocações"; "Faróis" e "Últimos Sonetos".

Escreveu:

"Missal" e "Broquéis", 1893; "Evocações", 1898; "Faróis", 1900; 'Últimos Sonetos", 1905, as duas últimas, póstumas. A edição comemorativa do Centenário de nascimento acrescenta mais de 100 páginas do poeta em poesia e prosa, ao acervo contido na edição de 1945, promovida pelo Instituto Nacional do Livro, que por sua vez já editara 70 poesias até então não recolhidas em volume.

Cruz e Sousa foi um poeta cuja individualidade era tenazmente combatida em sua época. Alguns críticos justificam esse fato como que uma conseqüência da origem racial do vate catarinense. Tanto assim que Ronald de Carvalho, comentando ainda o seu individualismo, escreve: - "0 amargo fruto dos preconceitos que o comprimiam por todos os lados".

É uma das vozes mais altas da Poesia Brasileira. 0 aparecimento de "Broquéis", em 1893, praticamente inaugurou o Movimento Simbolista no Brasil. A poesia "Antífona", constitui-se em verdadeira profissão de fé simbolista.

Procurou através de suas poesias, transbordar toda a sua mágoa, pelas humilhações que passava, motivadas pela sua cor. É considerado um dos expoentes máximos da escola simbolista, no Brasil.

Sua linguagem era impregnada de vocábulos que davam um vigoroso ritmo evocativo, seguidos de delírios constantes, como na poesia "ódio Sagrado" Abusava de aliterações, buscando uma virtuosidade musical.

Ao contrário de "Missal", composto de poemas em prosa, Broquéis, poemas em verso, publicados em 1893, introduzem a voga do simbolismo na Literatura Brasileira. Como salienta o Professor Massaud Moisés, ( O Simbolismo) Missal e Broquéis trazem algumas das tortuosas e barroquizantes fórmulas sintáticas e alguns dos exotismos lexicais, decerto herdados desenvolvida e aperfeiçoadamente da poesia científica e realista. Apesar de aproximar sua obra dos simbolistas franceses, nota-se em sua poesia a presença do soneto, de um trabalho métrico e rímico muito próximo ao dos parnasianos.

Já em Faróis, Cruz e Souza faz um ruptura com a seqüencialidade lógica, fugindo assim totalmente da linha parnasiana de composição. A musicalidade é seu ponto alto. É como uma área musical que apresenta um tom, um andamento diferenciado daquele claro e freqüente em Broquéis.

Para o Professor Massaud Moisés, os Últimos Sonetos traduzem a máxima depuração estética atingida pelo poeta e o apaziguamento interior, ambos imantados rumo do simbolismo sem ganga. Nesta evolução de dentro para fora, Cruz e Sousa realizava os ideais de Arte enunciados no poema Antífona, e criava algumas das peças únicas de todas a nossa poesia

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