A Música no Pré-Modernismo

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Pós-romantismo

1890-1920

Wagner deixou marcas profundas na música que o sucedeu. Paradoxalmente, a ópera não foi o gênero que seus posteriores mais dominaram, mas sim a música sinfônica, em todas as suas faces, da sinfonia ao poema sinfônico. Ou, em muitos casos, a junção dos dois. A principal característica da fase pós-romântica é a união de definitivas inovações harmônicas e formais com o sentimento e a expressividade romântica - um reflexo decadente do século XIX, mas ainda um romantismo.


O primeiro compositor pós-wagneriano de peso foi Richard Strauss. No início de carreira, Strauss se dedicou principalmente ao poema sinfônico. Ele transformou o gênero, ampliando enormemente sua gama emocional e seu tamanho, criando obras colossais de mais de um movimento, o que não era comum. Avançados eram seus poemas sinfônicos, revolucionárias foram suas primeiras óperas, Elektra e Salomé. Com temáticas espinhosas e música cruenta, as duas pareciam um forte indício da adesão de Strauss à vanguarda musical do século XX. Porém suas demais óperas seguiram o caminho contrário e resgataram a Viena setecentista de Haydn e Mozart. Isso em meio às verdadeiras revoluções que os compositores modernistas realizavam.

O dinamarquês Carl Nielsen e o finlandês Jean Sibelius foram os herdeiros de Bruckner na tarefa de levar a revolução wagneriana à sinfonia. Principalmente o último, que escreveu sinfonias formalmente muito mais livres que as de Brahms, por exemplo, manejando com grande liberdade a forma-sonata e desenvolvendo os temas de modo quase orgânico. Uma amostra da ousadia de Sibelius é sua sétima sinfonia - ela tem um único movimento, parecendo mais um poema sinfônico que uma sinfonia.

Ainda mais inovadoras foram as sinfonias de Gustav Mahler. Mahler queria ser o Wagner da sinfonia, tentando de todas as maneiras transformá-la em grande arte. Introduziu vozes solistas nas terceira e quarta sinfonias e o coro nas de número 2 e 8, transformou a orquestra em um colosso sonoro, aumentou o número de movimentos e, principalmente, realizou avanços harmônicos que seriam depois explorados pelos compositores atonais da década de 1920. A obra mahleriana é um dos pilares do Modernismo.

Na música para piano, os destaques são os russos Alexander Scriabin e Sergei Rachmaninoff. Ambos levaram a linguagem pianística de Liszt ao século XX, acrescentando-lhe dissonâncias, ritmos mais ousados e, o que é percebido mais facilmente, dando-lhe uma opulência e uma força quase orquestrais. Porém eles não perderam o sentimentalismo romântico. Principalmente Rachmaninoff, que escrevia música terrivelmente difícil para os dedos e encantadoramente fácil para os ouvidos.

Impressionismo

1880-1920

Todo o Impressionismo musical está baseado na importantíssima figura do francês Claude Debussy, o pai da música moderna. Ele, graças à sua rebeldia e ao seu inconformismo, operou uma revolução apenas porque fez uma coisa aparentemente banal: confiou em seu ouvido. Mais do que nos tratados de harmonia e composição. Assim, levado pelo instinto, abriu todo um caminho para as experiências modernistas do nosso século.

Debussy criou um sistema de acordes isolados, isto é, livres das amarras da harmonia tradicional. Esses acordes lembraram aos contemporâneos as pinceladas soltas dos pintores impressionistas; logo o chamaram de "impressionista", assim como os seus seguidores, e o movimento ganhou um nome. A contribuição de Debussy, porém, não se restringiu à harmonia. Ele foi, por exemplo, um dos primeiros compositores que se interessaram pela rica música oriental, principalmente a javanesa. Logo adotou algumas de suas soluções, como as escalas de tons inteiros e as escalas pentatônicas. Outras influências foram o jazz americano, a música negra e, claro, Wagner.

O piano foi principal meio de expressão de Debussy. Porém ele deixou importantes obras na música orquestral (que, segundo alguns piadistas, são um perfeito exemplo de "música não-sinfônica"), na música de câmara e na ópera, com a obra-prima Pelléas et Mélisande. Aqui, Debussy retorna ao ideal de Monteverdi, deixando com que as palavras sejam novamente ouvidas, em uma atmosfera suave, insinuante e misteriosa.

Maurice Ravel é outro grande nome do Impressionismo. A princípio ele seguiu as idéias debussistas, mas sempre mostrou uma personalidade bastante forte. Exímio orquestrador, grande criador de melodias, Ravel era um compositor sempre em busca da perfeição. Depois de compor inúmeras obras-primas impressionistas como La valse e Daphins et Chloé, voltou-se, no final da vida, a uma estética mais clássica.

Uma das grandes inspirações de Ravel e de Debussy foi a Espanha. Em contrapartida, os compositores espanhóis também se atraíram pela música dos dois mestres. Manuel de Falla foi o mais importante. Ele acrescentou ao Impressionismo francês o calor e a sensualidade espanhola, os ritmos andaluzos e a orquestração colorida que fizeram célebres obras como El sombrero de tres picos e El amor brujo.

Se dentro de toda vanguarda há uma outra vanguarda, no caso do Impressionismo esse papel cabe a Erik Satie. Satie tinha um senso de humor e uma irreverência fora do comum, e toda sua produção musical reflete isso. Por exemplo, em suas obras para piano, gênero em que mais se dedicou, são comuns nomes estranhos como Gymnopedias e Peças em forma de pêra. O senso de humor aparece na Sonatine bureaucratique, uma paródia bem-humorada de Clementi, escrita como sátira à onda neoclássica que começava a aparecer. Essa irreverência iconoclasta seria uma das principais características do Modernismo.

 

 

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