Parmênides
Nascido por volta do ano de 515 a.C., na cidade de Éleia, ao sul da Magna Grécia (Itália), Parmênides é considerado pelos historiadores da Filosofia como o pensador do imobilismo universal.
Em seu poema, Parmênides narra o que disse ter ouvido das musas que por uma carruagem puxada por corsas, conduzem-no à luz da verdade (alethéia). A verdade é, pois, o caminho do pensamento, já que o ser, o que existe é tudo aquilo que pode ser pensado. Dessa forma, o que não é, o não ser, o que não existe, não pode ser pensado nem, portanto, dito, sendo este um caminho ilusório.
A via da verdade é o pensamento que Parmênides identifica com o ser. Mas o ser para existir tem de ser dito, logo, há uma identidade entre SER, PENSAR E DIZER. Sendo a verdade exclusiva dos deuses, entre os mortais há a via da opinião (dóxa), causada pelas ilusões dos nossos sentidos.
Hoje podemos dizer que a ontologia (estudo sobre o ser) de Parmênides refere-se a uma lógica material, como se o discurso estivesse compactado à experiência física. Assim, podemos ver porque ele disse que “o ser é, o não ser não é”. O filósofo apontava para unicidade do ser acreditando que toda forma de movimento era ilusória (e só Newton, no séc.XVIII, com a física conseguiu resolver esse problema!).
Parmênides julgava o ser uno, imóvel, indestrutível, ingênito (isto é, incriado, não nascido, não gerado) e eterno. Segundo seu modo de pensar, o não ser, o nada não existe e não pode ser nem dito nem pensado. Portanto, o ser não pode ter surgido, porque ou teria surgido do nada, o que é impossível, ou teria surgido de outro ser, justificando que o ser já era e sempre será; logo, é eterno. Nem também o ser pode se movimentar, pois se se altera (o movimento em grego era tido como deslocamento, crescimento, diminuição e alteração) será outro ser, mesmo continuando a ser e, por isso, dois seres são impensáveis, apenas um ser é pensável. E se não foi criado, nem gerado, também não pode ser destruído, já que se destruído, algo ficará e assim permanecerá sendo.
Por mais que se possa acreditar que Parmênides seja o iniciador da lógica, sua lógica ainda é vinculada à ontologia, isto é, ao ser, não podendo ser considerada formal. Em linguagem moderna, poderíamos dizer que Parmênides fala da MATÉRIA, amorfa, de modo geral e que tudo o que existe é matéria, não podendo existir o vácuo nem o vazio. E que apesar das suas mudanças em vários elementos, substâncias, coisas e pessoas, ela, a matéria, é o princípio uno e total, causa de toda a realidade.
Pode-se também pensar que a filosofia de Parmênides, isto é, a do imobilismo universal ou teoria do repouso absoluto, foi usada pelas tradições religiosas (principalmente a cristã) para descrever Deus e o céu. Notem que, em geral, os mortos são enterrados com máximas que dizem: “Aqui jaz (repousa) fulano...”. Deus seria esse princípio Uno e Todo sem partes divididas ou vazias que deveria ser compreendido, através do pensamento, como princípio de todo o conhecimento. É também interessante notar como a identidade entre SER e PENSAMENTO e LINGUAGEM, de Parmênides também associa-se com a tradição do Antigo Testamento. Neste, Deus se revela como o VERBO. Em grego, o verbo é o LÓGOS, é palavra, discurso e razão. E se para Parmênides o lógos é também o pensar e o ser, então é a divindade que fala e que fornece a base para conhecermos, isto é, a via da verdade é a razão, o lógos divino. Por isso, Parmênides concebe o ser de forma circular, pois é, entre os gregos, a forma da perfeição.
- /index.php/salas/filosofia/104-filosofos/631-anaximandro
- /index.php/salas/filosofia/104-filosofos/629-tomas-de-aquino