Chico Buarque
Cantor, compositor, escritor, dramaturgo, Chico Buarque é um dos principais artistas brasileiros. Além disso, é uma personalidade intelectual e atuante na política. Tido como um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira (MPB), compôs inúmeras canções importantes, muitas delas com críticas e denúncias sociais.
A carreira de escritor está em alta, já que, em maio de 2019, Chico Buarque venceu o Prêmio Camões, um dos maiores reconhecimentos da Literatura em Língua Portuguesa.
Vida
Francisco Buarque de Holanda nasceu no dia 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Seu pai, Sérgio, era sociólogo, e sua mãe, Maria Amélia Cesário Alvim, pianista. O músico é o quarto de sete irmãos. Quando o artista tinha dois anos, sua família mudou-se para São Paulo. O pai dele, que também era historiador, foi nomeado diretor do Museu do Ipiranga – na época o espaço público mais antigo da cidade.
Aos cinco anos, Buarque começou a demonstrar interesse pela música. Nessa idade, ele passou a fazer recortes com fotos de cantores de rádio. Em 1953, a família de Chico mudou-se para a Itália, pois o pai foi convidado para dar aulas de História na Universidade de Roma. A casa da família era ponto de encontro de artistas e intelectuais, como o poeta Vinícius de Moraes.
Na pré-adolescência, o músico compôs algumas canções no estilo opereta, que eram encenadas por suas irmãs Maria do Carmo, Ana Maria, Cristina e Miúcha.
Na adolescência, Chico gostava de ler clássicos da literatura francesa, alemã e russa. Ainda nesse período, participou de um movimento religioso chamado “Ultramontanos”. Depois, fez parte de mais um grupo chamado “Organização Auxílio Fraterno”.
Especula-se que a primeira vez que uma foto de Chico Buarque saiu em um jornal foi em 1961. A manchete destacava: “Pivetes furtaram um carro: presos”. Na ocasião, o músico e um amigo haviam “puxado” um carro para dar voltas na madrugada. Com isso, foram presos. Chico ficou proibido de sair à noite sozinho até que completasse 18 anos.
Chico Buarque na ditadura
O músico cursou três anos de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo (USP). Ele abandonou o curso em 1964, quando o clima de repressão invadiu as universidades, após o Golpe Militar, que ocorreu no mesmo ano. Em entrevistas, Chico disse que ter cursado Arquitetura foi fundamental para aguçar sua sensibilidade e ver a cidade com outro olhar. Tudo isso contribuiu com suas composições.
Chico Buarque é um dos artistas que foram perseguidos durante a Ditadura Militar. Ele chegou a ser retirado da sua casa e levado para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Em 1969, Chico Buarque participou da “Passeata dos cem mil”, no Rio de Janeiro. O evento contou com milhares de estudantes, artistas e intelectuais que eram contra aquele regime, tais como Caetano Veloso e Gilberto Gil, precursores do Tropicalismo.
Ele se autoexilou em Roma, na Itália, onde se manteve até março de 1970, quando resolveu voltar ao Brasil a convite de uma gravadora para produzir um novo disco.
Para conseguir compor suas canções e não ser censurado, em 1974, Chico Buarque criou o pseudônimo Julinho da Adelaide, com o qual compôs as músicas “Milagre brasileiro”, "Acorda amor" e "Jorge maravilha". Por essas e outras situações, o artista acabou causando revolução por meio das suas canções. Chico Buarque é considerado um dos maiores compositores de músicas de protesto brasileiras.
Obra
Quando jovem, Chico Buarque gostava de música internacional. Tudo mudou quando ele ouviu o disco "Chega de Saudade" (1959), de João Gilberto. De acordo com o que ele contou em uma entrevista, “aí deu o estalo de que queria fazer MPB”.
Na época de universitário, Chico reunia-se com os colegas para fazer marchinhas e tocar violão. A sua primeira composição foi “Canção dos olhos”, em 1959, quando tinha 15 anos. “Marcha para o sol”, de 1964, foi a primeira música de Buarque a ser gravada.
Ela foi interpretada por Maricenne Costa, mas o artista disse que a canção “Tem mais samba”, do mesmo ano, foi o seu marco inicial como compositor e cantor. O primeiro compacto em vinil de Chico foi em 1965 e chama-se “Pedro Pedreiro e o sonho de carnaval”.
Chico Buarque disse que, quando era jovem, seu sonho era cantar como João Gilberto, fazer música como Tom Jobim e escrever letras como Vinícius de Moraes.
Chico Buarque participou de diversos festivais. Em 1966, sua canção “A banda”, interpretada por Nara Leão, ficou em primeiro lugar, junto com a música “Disparada”, no II Festival de Música Popular Brasileira, promovido pela TV Record.
1968, Chico Buarque e Tom Jobim venceram o 3º Festival Internacional da Canção com a música “Sabiá”. Contudo, eles foram vaiados pela plateira, que queria que a canção “Para não dizer que falei de flores”, de Geraldo Vandré, ganhasse.
Composições
De acordo com suas próprias palavras, Chico Buarque não dá um conteúdo político às suas canções de forma proposital. Ele comentou, em entrevista, que abusa mais da criatividade nas suas composições. Uma das características mais marcantes das composições de Chico Buarque são as críticas e denúncias sociais, econômicas e culturais brasileiras.
Chico domina a Língua Portuguesa com primazia. Ele tem preferência por usar a metáfora. Isso fica claro em canções como “Apesar de você” e “Cálice”, que contêm críticas veladas à ditadura militar no Brasil e que chegaram a ser censuradas.
Confira as principais músicas de Chico Buarque:
"Quem te viu, quem te vê" (1967)
"Noite dos mascarados" (1967)
"Cotidiano" (1971)
"Apesar de você" (1970)
"Construção" (1971)
"O que será (à flor da pele)"(1976)
"Olhos nos olhos" (1976)
"João e Maria" (1977)
"Pedaço de mim" (1978)
"Cálice" (1978)
"Geni e o Zepelim" (1978)
"Eu te amo" (1980)
Literatura
Desde adolescente, Chico Buarque enveredou-se como escritor. Ele publicou suas primeiras crônicas no "Verbâmidas", jornal do Colégio Santa Cruz. Depois, colaborou com alguns jornais, como o "Estado de São Paulo" e o jornal satírico "O Pasquim", um dos pioneiros do jornalismo brasileiro.
Em 1967, Chico também chegou a atuar como ator no filme “Garota de Ipanema”. No ano seguinte, ele deu seu pontapé inicial na dramaturgia, escrevendo a peça Roda Viva. Sua então esposa, Marieta Severo, teve um dos papéis principais.
Veja os principais livros de Chico Buarque:
"Estorvo" (1991)
"Benjamim" (1995)
"Budapeste" (2003)
"Leite derramado" (2009)
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